429 visualizações

Sugestões

julho 29, 2014

“Na vida comum, todos praticamos espontaneamente a sugestão, em que a obediência maquinal se gradua, em cada um de nós, através de vários graus de rendição à influência alheia.” (André Luiz – Mecanismos da Mediunidade, cap. 16)

Encontramos no versículo quarenta e um do capítulo vinte e seis do evangelho de Mateus, a advertência “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” exarada por Nosso Senhor Jesus Cristo, que acaba por dizer que a carne é fraca, e Allan Kardec, no capítulo sete de O Céu e o Inferno, raciocinando a respeito observa que “A carne só é fraca porque o Espírito é fraco… A carne, destituída de pensamento e vontade, não pode prevalecer jamais sobre o Espírito, que é o ser pensante e de vontade própria”.

A repetição muitas vezes nos levam ao automatismo comportamental, e com isso não observamos as sugestões que nos alcançam, direta ou indiretamente, provenientes de encarnados e desencarnados, e sem a prática dos ensinos do Senhor Jesus nos tornamos “presas” fáceis às ideias sugeridas.

Podemos raciocinar sobre três condições sugestionantes.

A primeira delas é o comércio material. Como estamos vivendo a fase de encarnados temos naturalmente de nos relacionarmos com o que é material, incluindo aí a posse, e no tocante a satisfação de nossas necessidades, fictícias ou verdadeiras, precisamos adquirir bens de consumo, e quem produz bens de consumo utiliza-se de propagandas para nos convencer a adquiri-los e as propagandas carregam em si o poder de alterar nossos comportamentos. Não se tem notícias de que alguém anuncie os aspectos ruins ou perniciosos de seu produto. Ao contrário, procuram mostrar sempre aspectos positivos, nem sempre verdadeiros, para nos fazerem comprar. Comparam-nos com outras pessoas que já teriam o que querem nos vender, induzindo-nos pelo orgulho e vaidade a um processo de competição inconsciente, ou nos mostram uma felicidade que só existirá se adquirirmos o produto anunciado. Chegam a anunciar o mesmo produto, agora com nova embalagem, forçando-nos a acreditar que estamos desatualizados com a modernidade ou com os novos tempos se não os adquirirmos.

Os espíritos da Codificação nos esclarecem que a felicidade possível na Terra está diretamente relacionada com a posse do necessário, e se torna fácil entender que quando adquirimos mais do que conseguimos pagar diminuímos o bem estar nosso e dos que estão sob nossa dependência financeira, sem contar os problemas relacionados aos órgãos fiscalizadores do crédito financeiro.

A segunda condição é o direcionamento que dão às nossas vidas aqueles que elegemos como ídolos ou modelos comportamentais, que seguimos sem análise, e se o que é considerado comum e normal por eles está de acordo com as leis naturais.

Como são personalidades proeminentes, frequentemente são parceiros comerciais dos fornecedores de serviços e produtos, a altos custos, porque carregam em si grande poder de influenciação junto à massa humana, levando-nos ao consumo compulsório, quando na maioria das vezes sequer utilizam o que anunciam, ou se o fazem é em função de contrato comercial.

Por causa do sucesso financeiro ou midiático que alcançaram passam a ser seguidos nos modismos que lançam, incluindo aí, entre outras coisas, roupas, adereços, calçados e penteados, e o que é pior, comportamentos infelizes que acabam por induzir os invigilantes a comportamentos surreais e prejudiciais ao espírito imortal.

Disse Jesus que cegos que conduzem cegos ambos caem no buraco, mostrando-nos a necessidade de observarmos a quem seguimos, e a Doutrina Espírita nos anuncia que o Guia e Modelo ideal para nossos espíritos em evolução é justamente Jesus, que nos deixou todas as recomendações necessárias para alcançarmos a felicidade.

Por último, não podemos nos esquecer da influência que os espíritos desencarnados podem desenvolver. Os Benfeitores espirituais nos esclarecem que o mecanismo das sugestões espirituais se estabelece em função dos pensamentos e vontades que povoam nosso mundo íntimo, criadas ou assimiladas por nós, chegando ao ponto de nos dirigirem na maior parte do tempo. Quanto mais próximas às satisfações do orgulho, vaidade e egoísmo, mais inferiores moralmente serão os espíritos a nos sugestionarem, levando-nos à fascinação e a processos obsessivos de longa duração e de difícil solução.

Experimentai se os espíritos são de Deus, disse Jesus, indicando-nos que os espíritos superiores jamais nos induzem a situações que nos mantenham no atraso ou nos prejudicariam, ao contrário, sugerem sempre comportamentos baseados nas orientações do evangelho, o que não se dá com os espíritos menos evoluídos, em particular os que tem algum interesse menos feliz em nossas vidas.

O Benfeitor André Luiz, na observação acima, nos mostra a ideia contida no vigiai e orai de Jesus, atendendo também a profecia do Mestre quanto ao Consolador, de que quando este chegasse seríamos esclarecidos sobre todas as coisas e nos faria lembrar daquilo que Ele disse, e mais, em conhecendo a verdade, esta nos faria livres. Neste caso, livres das sugestões infelizes que nos causam dores e sofrimentos, e da corrigenda dos prejuízos causados ou na retomada do caminho estreito que leva à perfeição.

Pensemos nisso.

Antonio Carlos Navarro

Antônio Carlos Navarro
Antônio Carlos Navarro

Estudioso e palestrante espírita. Trabalhador do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier em São José do Rio Preto - SP

Deixe aqui seu comentário:

Divulgue seu evento conosco.
É rápido, fácil e totalmente gratuito!

+ Clique e saiba como