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O caranguejo

maio 11, 2017

O pregador anunciou:

– Meus queridos companheiros de ideal, tenho três notícias. A primeira é ruim. Diz respeito a algo que todos já notaram: nosso templo está em péssimas condições. Necessita de uma reforma.
– Oh!…
– A segunda é boa: temos o dinheiro!
– Ah!…
– A terceira pode ser ruim ou boa. Depende de cada um. O dinheiro está no bolso de vocês!
– Ui!…

Essa pitoresca história ajusta-se com perfeição às lides espíritas: há dinheiro para sustentar e dinamizar os Centros Espíritas, em reformas e ampliação de serviços. Existe um probleminha: o dinheiro está preso no bolso dos frequentadores.

Geralmente as pessoas oferecem sobras. Justamente por isso muitos não contribuem. É que, segundo seus programas, há sempre compromissos inadiáveis que absorvem as disponibilidades.

– Estou reformando minha casa…
– Viajarei de férias…
– Troquei de automóvel…
– Ampliei meus negócios…
– Fiz investimentos…
– Meu filho entrou na faculdade…
– Há gente doente em casa…

Oportuno lembrar a passagem evangélica da viúva pobre, em Lucas, 21:1-4: Olhando, Jesus viu os ricos lançarem as suas ofertas no gazofilácio, onde eram depositadas as oferendas.

Viu também uma viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas. E disse: – Em verdade vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu todo o sustento que tinha.

A observação do Mestre é de clareza meridiana. Enquanto nossas contribuições girarem em torno de sobras, pouco faremos, porquanto na contabilidade dos interesses particulares sempre falta o necessário. Mesmo generosos saldos credores são registrados como reserva técnica para atender a problemas eventuais. Resultado – nunca sobra nada.

A experiência demonstra que quando superamos essa tendência e nos dispomos a contribuir generosamente, somos recompensados com bênçãos que o dinheiro não pode comprar.

Lembro-me de um amigo, comprometido com a usura. Para desespero seu, gastava muito com problemas de saúde, pessoais e familiares. Nunca tinha disponibilidades a oferecer, sempre temeroso de lhe faltarem recursos para atender aos males que se sucediam.

Um dia criou coragem, livrou-se do caranguejo (as pessoas apegadas parecem ter o crustáceo no bolso, guardando seu dinheiro). Timidamente, em princípio, começou a usar os seus haveres para atender às carências alheias. Para sua surpresa, quanto mais oferecia, menos gastava com médicos e remédios.

Uma boa troca. Poderíamos, em favor dessa tese, lembrar que: quem dá aos pobres empresta a Deus.

Considerando que, em última instância, tudo pertence a Deus, somos apenas depositários do dinheiro que amoedamos. A mordomia justa e perfeita será sempre aquela que nos leva a atender os filhos de Deus com seu próprio dinheiro, transitoriamente, confiado a nossa administração.

Vale lembrar, a esse propósito, o célebre conto de Tagore, em que um aldeão, procurado pelo Senhor da Vida, deu-lhe apenas uma batata das muitas que trazia em seu alforje.

Depois, em casa, constatou que no lugar da batata doada estava magnífico brilhante. E lamentou o parcimonioso doador:

– Tolo que fui! Deveria oferecido todas as batatas ao Senhor da Vida!

Richard Simonetti

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://folhaonline.es/wp-content/uploads/2015/07/bolso-vazio.jpg>. Acesso em 11MAI2017.

Richard Simonetti IN MEMORIAM
Richard Simonetti IN MEMORIAM

Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935 e Desencarnou em 03 de Outubro de 2018. De família espírita, participou do movimento desde os verdes anos, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, onde desenvolveu largo trabalho no campo doutrinário e filantrópico. Orador e Escritor espírita, teve mais de cinquenta obras publicadas.

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