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Culpa e estados espirituais

setembro 14, 2017

Nosso Senhor Jesus Cristo ao dizer, em referência ao Espírito, “mas não sabes de onde vem nem para onde vai” (1), confirma a sua existência anterior e posterior ao corpo físico.

No tocante à sobrevivência após a morte do corpo físico, a referida tese é confirmada pelos Espíritos responsáveis pela implantação do Consolador na Terra, conforme prometido por Jesus (2):

“Em que se torna a alma logo após a morte?

– Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos, que havia deixado temporariamente”. (3)

 Desta forma o Espírito, após o término do estágio na vida física, segue sua trajetória rumo à perfeição, carregando consigo, no íntimo da consciência, todos os resultados de suas ações na Terra.

O Benfeitor espiritual André Luiz fornece esclarecimentos a respeito da condição dos espíritos após o retorno ao Mundo Espiritual:

“Efetivamente, logo após a morte física, sofre a alma culpada minucioso processo de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do arrependimento, e, apenas depois disso, consegue elevar-se a esferas de reconforto e reeducação. Se a moléstia experimentada na veste somática foi longa e difícil, abençoadas depurações terão sido feitas, pelo ensejo de autoexame, no qual as aflições suportadas com paciência lhe alteraram sensações e refundiram ideias. Todavia, se essa operação natural não foi possível no círculo carnal, mais se lhe agravam os remorsos, depois do túmulo, por recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, através de reflexão, renovando as imagens com que foram fixados na própria alma. Criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgovernados. Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padecimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsidentes recordações. Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as cargas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se localizam em plena alienação. As vítimas do remorso padecem, assim, por tempo correspondente às necessidades de reajuste, larga internação em zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram. (4)

Por “zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram” devemos entender que os espíritos, no Mundo Espiritual, aglutinam-se por semelhança de estados de consciência, onde se somam os “infernos íntimos” individuais, que acabam por plasmar ambientes correspondentes às energias que os geraram e os sustentam. Daí resulta a ideia da existência de um inferno comum a todos os transviados, conforme as mais diversas e antigas crenças teológicas. Entretanto, esses estados, por mais longos que sejam, são transitórios, conforme aponta André Luiz ao afirmar “por tempo correspondente às necessidades de reajuste”, em evidente correspondência à justiça Divina.

Quem sofre, acaba por se arrepender da causa do sofrimento, e sempre será um necessitado de ajuda para sair da situação em que se colocou.

A esse respeito encontramos em O Livro dos Espíritos:

A pessoa que não reconheceu suas faltas durante a vida sempre as reconhece depois da morte?

– Sim, sempre as reconhece, e então sofre mais, porque sente todo o mal que fez ou de que foi causa voluntária. Entretanto, o arrependimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que teimam nas inclinações negativas, apesar dos seus sofrimentos; mas, cedo ou tarde, reconhecerão o caminho falso, e o arrependimento virá. É para esclarecê-los que trabalham os bons Espíritos, e vós também podeis trabalhar nesse sentido”. (5)

Nisso encontramos eco, lógica e consolo nas palavras do Senhor Jesus:

 “Os sãos não têm necessidade de médico, mas os que estão doentes. Ide e aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifícios’. Pois não vim chamar justos, mas pecadores”. (6)

 “Eu vos digo que, desse modo, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos, que não têm necessidade de arrependimento”. (7)

Porém, o arrependimento por si só não libera o “pecador” da reparação dos erros cometidos, conforme nos esclarecem os Benfeitores Espirituais:

A reparação ocorre na vida corporal ou na espiritual?

– A reparação ocorre durante a vida física pelas provas a que o Espírito é submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais ligados à inferioridade do Espírito”. (8)

Entenda-se, em novas reencarnações e nos estágios entre elas.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

 

Referências Bibliográficas:

(1) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Jo 3:8;

(2) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Jo 14:26;

(3) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 149;

(4) Evolução em Dois Mundos, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap.19;

(5) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 994;

(6) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Mt 9:12-13;

(7) Novo Testamento, Haroldo Dutra dias, Lc 15:7;

(8) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 998.

Nota do Editor:

Imagem em destaque disponível em <https://amenteemaravilhosa.com.br/wp-content/uploads/2017/04/mujer-culpa.jpg>. Acesso em 14SET2017.

Antônio Carlos Navarro
Antônio Carlos Navarro

Estudioso e palestrante espírita. Trabalhador do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier em São José do Rio Preto - SP

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